10/12/2009

Opinião do Leitor - Pré Sal

A nova estratégia da Petrobrás é conclamar a comunidade para lutar ao seu lado no projeto de mudança da lei de petróleo em próprio proveito. O foco é treinar funcionários da empresa para ministrar palestras nas quais explicam como se forma o petróleo, como se extrai e toda a tecnologia desenvolvida pela empresa com cientistas brasileiros para prospecção e exploração de tal elemento. Em seguida, apresentam o pré-sal, toda a sua capacidade de produção e os números do Brasil e do mundo. Por fim, apresentam as leis de petróleo que julgam antigas não atendendo à nova circunstância em que o Brasil se encontra em relação ao descobrimento do pré-sal. De olho na quantidade; na qualidade; e principalmente no dinheiro que será gerado com ele, a Petrobrás convoca a população colocando-a a par das leis e da capacidade do pré-sal, batizando-o de “poupança” e instigando a população a acreditar que o melhor para o Brasil é que ela detenha o direito de operacionalizar todas as etapas da produção, o que de fato é verdade, apesar da proposta para a criação de um fundo social, o que só será feito a partir do lucro dos investimentos feitos para a produção da reserva, ou seja, o social parece estar em último plano. Nesse momento faço algumas indagações: Se o petróleo tem que ser nosso, quem detém a maior parte das ações da Petrobrás? Brasileiros ou estrangeiros? E como numa era na qual se discutem questões ambientais, principalmente a emissão de CO2 gerados na queima de combustíveis fósseis, acha-se uma verdadeira “mina de petróleo” não se preocupando com o meio ambiente, qual deveria ser a melhor aplicação do lucro obtido com este produto que colabora com o aquecimento global? Pressupõe-se que seriam investimentos grandiosos em educação, saúde, saneamento e tecnologia para transportes e fontes de energia limpa, logo, o social. Bem, não sejamos ingênuos para pensar que o aquecimento global, matéria amplamente discutida em Copenhagen, deteria a extração do petróleo contido no pré- sal e que, verdadeiramente, é de muita valia para a população a criação de empregos advindos desta descoberta. No entanto, o que sobremaneira é preocupante é como esse bem, o qual deveria ser coletivo, será usado. O Brasil faz parte dos países em desenvolvimento com grandes possibilidades, com o luxo até de alcançar as antigas metas de Kyoto apenas contendo o desmatamento na Amazônia e já está movimentando boas cifras nas bolsas comercializando créditos de carbono. Entretanto, esse crescente desenvolvimento econômico não tem favorecido a população carente do país, até mesmo as ações do governo para amenizar as mazelas, apesar de necessárias, pecam por não serem estruturantes, são investimentos com pouco ou nenhum retorno, a não ser de atender a emergência de matar a fome no presente sem perspectivas de que as pessoas possam ficar independentes da ajuda em longo prazo. O interessante é: quem nem sabia da existência do pré-sal agora está sendo convidado pela Petrobrás a comprar a briga por um petróleo que provavelmente não o favorecerá, como tem sido com os outros meios que o Brasil tem lançado mão para o crescimento econômico de poucos e que, muitas vezes, nem sabemos quais são de fato. O social está em último plano, então minha pergunta final é: quem vai enriquecer com o pré-sal?
  • Fonte: R. Pontes.

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